A teoria psicanalítica nos ensina de modo diferente e oferece esclarecimentos a respeito da singularidade de cada um de nós, humanos.
A perda é um aspecto que muito nos incomoda, em especial quando se trata da morte.
Vamos aprofundar mais um pouco em relação às perdas:
Abandonar ou ser abandonado;
- nossa mãe vai nos deixar
- deixaremos nossa mãe;
Separações;
- casais, relacionamentos desgastados;
- falhamos nos relacionamentos humanos;
Expectativas impossíveis;
- nenhuma garota ou garoto casam com seus pais;
- dores que nem sempre um beijinho resolve;
Idade que avança
- Nem sempre as pessoas lidam bem com isso, não se aceitam;
- Mudanças do nosso corpo…
Somos incapazes de darmos proteção a nós mesmos e aos outros:
- contra dor
- .perigos;
- acidentes;
- doenças;
- morte.
As perdas são necessárias à vida para podermos crescer e nos conscientizarmos de determinadas situações. O que não devemos fazer é desistir, para podermos aprender com os erros e podermos avançar.
PERDER É DIFÍCIL E DOLOROSO
Para compreender nossa vida precisamos entender como devemos enfrentar as perdas para que ocorram mudanças promissoras.
A conscientização das perdas ajuda-nos a reconhecer o que fazemos e, mediante a auto compreensão, podermos ampliar nossas escolhas de forma assertiva.
Somos seres indefesos e precisamos dos cuidados da mãe ou de quem exerça a função materna.
Se uma mãe abandona seu filho ao nascer ou, logo após o nascimento, o preço dessa separação pode ser alto demais.
Há tempo certo para a separação ocorrer.
Conta-se que certa criança num hospital, com graves queimaduras, chora muito querendo a presença da mãe. Naquela época os pais não podiam ficar junto ao filho.
A mãe foi quem queimou a criança durante um surto. Colocou álcool e riscou o fósforo.
Não importa o tipo de mãe que uma criança tenha, se ela o machuca ou abraça, mesmo que essa mãe seja extremamente doente essa criança a quer a mãe.
Essa mãe representa a segurança para a criança, portanto ela a chama e suporta a dor que está sentindo. Não aceita o abandono.
Crianças sozinhas sentem falta da mãe ou de alguém que lhe dê segurança. Uma criança de 6 meses deseja a mãe se ela é deixada sozinha.
Nessa idade, a criança já forma uma imagem mental da mãe ausente e lhe provoca grande sofrimento por se sentir insegura. Essa ausência pode ser sentida como perda permanente e, ao crescer, essa criança pode vir a ter crises de depressão e dificuldades com algo que não seja familiar.
Por volta dos 3 anos é que a criança passa a entender que a mãe vai e volta.
Temos notícia de que uma criança na época da segunda guerra foi levada para um abrigo, longe da mãe.
Ele repetia insistentemente que a mãe iria busca-lo, que o vestiria e o levaria de volta.
Alguém pediu que parasse de falar repetidamente. Ele parou de falar alto, mas:
Considerando que essa mãe reapareça pode acontecer que a criança:
Separações graves no começo da vida deixam cicatrizes emocionais no cérebro – atacam o elo essencial mãe-filho que ensina a amar.
Quando adulto se as primeiras conexões com as mães foram instáveis ou desfeitas, podem ocorrer transferências dessas experiências aos filhos, maridos, mulheres… Desespero total!
Se o adulto temer a separação provoca exatamente o que se teme: o afastamento dos que amamos com dependência incômoda ou exigências excessivas.
Todas as perdas cotidianas relacionam-se com a perda original, a da relação mãe–filho. Nesse sentido aprendemos a limitação do amor.
O psicanalista Erich Fromm, distingue o amor infantil do amor adulto:
Mas não podemos chegar ao amor adulto sem passar pelo infantil. Não podemos amar o outro se não tivermos suficiente amor por nós mesmos, um amor que aprendemos na infância.
Assim, aqueles a quem amamos e o modo que amamos são repetições – repetições inconscientes – de experiências anteriores, mesmo que nos causem dores.
Repetimos o passado sobrepondo imagens dos nossos pais às imagens do presente. A compulsão repetitiva, escreve Freud, explica porque repetimos os mesmos erros.
Repetindo a experiência dolorosa estamos nos recusando a enterrar os fantasmas da infância.
Roseli Laurenti