MEU FILHO NÃO ME ESCUTA!

“O objetivo que devemos nos propor na educação de um jovem é o de formar-lhe: o coração, o juízo e o espírito, e isto na ordem em que estou citando.”                                                                                                                                                        Rousseau

 Na minha opinião, seguindo o que Rousseau fala sobre a educação, deve-se formar o jovem na seguinte ordem:

1º CORAÇÃO: para poder jorrar amor aos outros e a si próprio.

2º JUÍZO: por meio dos valores como fé, justiça, paciência, disciplina, honra … assim por diante.

3º ESPÍRITO: nossa essência da nossa alma imortal.

Com certeza, esse seria um ideal para a nossa educação atual.

O que passa na cabeça de um jovem adolescente em plena metamorfose, nessa transformação que ocorre na adolescência, o que o faz sofrer quando tem algum distúrbio e como fazer para reconfortá-lo?

Pais, mães há necessidade de aprimorar a maneira de escutar e de se dirigir aos adolescentes que vocês tanto amam e pelos quais são responsáveis.

A adolescência é uma passagem obrigatória, delicada que termina com a infância em torno dos 11 anos até à maturidade, por volta dos 25 anos.

Do ponto de vista biológico momento em que o corpo da criança de onze anos se inflama devido os hormônios e os órgãos genitais se desenvolvem surgindo a distinção do corpo do homem e da mulher alterando as formas anatômicas.

Nos meninos surgem as primeiras ereções seguidas por ejaculação, durante a masturbação, a mudança de voz.

Na menina surgem as regras, a menstruação, seguidas de aumento dos seios e o alargamento da bacia e um charme feminino.

ADOLESCÊNCIA ADVENTO DE CORPO MADURO, CAPAZ DE PROCRIAR.

Do ponto de vista psicanalítico: os jovens de hoje são seres conturbados da mesma forma que correm alegremente à vida, para de repente arrasado, triste e de forma frenética, entrar em ação.

Tudo no adolescente gira em torno do contraste, ora alegre, ora triste, ora revoltado, ora conformista, ora entusiasta, ora deprimido, sente-se insignificante e desconfia de tudo. Muitas vezes para contrariar aos pais admira um líder de gangue, um ídolo, um personagem de videogame, mas, sempre oposto aos valores familiares.

Amor e ódio andam juntos em relação aos pais. Apresentam reviravoltas de humor e atitudes, normais na adolescência.

Um adolescente em crise se apresenta diante dos pais, dos professores, diante dos profissionais com sérias dificuldades e não sabe exprimir o que sente.

O jovem calado, que se apresenta diante de vocês pais, educadores não percebe o que se passa no seu próprio interior e não porque não queiram se comunicar é por isso que mais agem do que falam. Seu mal-estar é manifestado mais em atos do que em palavras. Ele age, questiona, grita, e bate porta, atos impulsivos manifestados de forma inconsciente.

Segundo Nasio, os adolescentes agem de três maneiras diferentes:

  1. POR UMA NEUROSE DE CRESCIMENTO CARACTERIZADO POR UM SOFRIMENTO MODERADO INCONSCIENTE: neurose saudável e necessária para se tornar adulto. Representada por angústia, tristeza ou revolta. A maioria dos adolescentes se encontram aqui. São qualificadas como saudáveis, pois dissipa com o tempo. Os pais precisam aprender a esperar.
  1. POR COMPORTAMENTOS PERIGOSOS CARACTERIZADO POR UM SOFRIMENTO INCONSCIENTE INTENSO COMO:

Comportamentos depressivos, isolamento.

Tentativas de suicídio

Consumo de drogas

Bebedeiras

Anorexia, bulimia

Apatia escolar

Vandalismo

Estupro

Violências

Ciberdependência e uso exagerado de chats.

Aqui o jovem nem sempre sente o sofrimento e quando o sente não é capaz de verbalizá-lo. E quando esse sofrimento mudo é muito intenso ele exterioriza por meio de comportamentos de risco, impulsivos e recorrentes. O jovem no momento do seu ato não sente nada, nem dor, nem medo, nem culpa como se estivesse anestesiado, fora de si. Age assim porque quer se afirmar e ser reconhecido pelos colegas.

  1. POR DISTÚRBIOS MENTAIS AQUI HÁ UM SOFRIMENTO INCONSCIENTE EXACERBADO, GRAVE COMO:

Esquizofrenia,

Fobias,

TOC – transtorno obsessivo compulsivo.

Depressão,

Distúrbios alimentares crônicos,

Perversões sexuais.

Aqui os distúrbios mentais mais graves podem se prolongar até a vida adulta. Um sofrimento exacerbado e merece atenção e encaminhamento por parte dos pais.

Essa patologia mental nos meninos se dá: por frequentes abusos sexuais incestuosos praticados contra jovens irmãos, irmãs ou meias irmãs. Já nas meninas, a adolescente pedófila, a baby-sitter abusando da criança, na ausência dos pais.

Adolescente em crise uma neurose saudável de crescimento necessária para passar essa fase e poder superar a situação.

Násio considera a adolescência, uma histeria e um luto necessários para se tornar adulto.

Estados do adolescente histérico – Angustiado: um estado passivo e o adolescente sente-se impedido de agir, pensar. O adolescente é tímido, medroso e indeciso. O supereu mostra-se intratável com a família é hostil com companheiros, deixando de fora àqueles que não usam a mesma marca de tênis, que não escutam a mesma música, devido ao medo de não aceitação.

Estados do adolescente de um eu triste. O caso de adolescentes que se decepcionam consigo mesmos e com a vida apresentam um humor melancólico. Ficam ensimesmados e fechados aos outros, alimentados por ideias suicidas, mas, sem passar ao ato.

Estado do adolescente semelhante ao eu histérico, revoltado que teme ser humilhado: irritadiço, provocador e agressivo. Apresenta uma revolta permanente e explode numa fúria destrutiva.

A maioria dos conflitos que se dá entre adolescentes e pais é motivado pelo medo de se expor, de ser humilhado e de se mostrar incompetente aos olhos dos pais e de todos. Assim para não se sentir fraco, fica agressivo e ataca, uma defesa. Enfim medo de fazer os pais felizes.

Importante lembrar que nossos filhos não nos pertencem e nossa felicidade não depende exclusivamente deles.

Nós pais temos que nos tornar desnecessários aos nossos filhos. Eles precisam alcançar voos próprios, constituírem um lar e dar prosseguimento a nossa geração.

O que ocorre com os adolescentes quase sempre difíceis de conviver?

Adolescentes são frágeis e inacabados em suas formações, sentem que as observações provenientes dos adultos são uma ferida no seu amor próprio. Ficam sempre na defensiva, intratáveis, difícil de lidar, afetando os pais.

A adolescência é um lento e doloroso processo de luto da infância, deve perder seu universo de criança, conservar as sensações e emoções infantis, mas conquistar a idade adulta.

Para tornarmos adultos felizes precisamos continuar a amar a criança que fomos, mas abandonar o corpo infantil para conservar o essencial da infância e conquistar a idade adulta.

Ser adulto é viver sem medo de brincar como uma criança, não ter vergonha de mostrar-se obediente, não ser dependente financeiramente dos pais, amar a si mesmo e ao próximo.

 Quando um adolescente está em crise?

As crises dos adolescentes ocorrem mais entre 12 e 16 anos.

Ela é mais evidente quando o comportamento muda bruscamente.

Por exemplo: espancar pai, mãe, jovem que toma overdose, jovem introvertida que tenta suicídio, estar fora da escola, ocioso, confinado em seu quarto.

 Atitudes que devem ser tomadas quando o adolescente estiver em crise:

Os pais devem encaminhar para um psiquiatra, um psicanalista ou psicólogo quando ocorre caso mais grave, ou emergencial.

O jovem em estado de crise deve aceitar falar com um analista. Em caso negativo os pais devem ir ao psicanalista, psicólogo, para receberem orientações para poder lidar com o filho de forma adequada, pois as mentes em conflito não mudam. Ficam desorientadas.

Muitos pais copiaram os modelos dos seus próprios pais, de forma inconsciente, para lidar com seus filhos, mesmo reprovando as atitudes deles. Lembremos: o mundo mudou e seus filhos também.

Tipos de pais:

  • pais autoritários, agem de forma rígida, autoritária. Só ele fala e deve ser ouvido. O famoso “Aqui, mando eu”. Você obedece. Cale a boca! Caso o filho obedeça fielmente, ele pode se tornar apático e com problemas quando adulto, ao deparar com um chefe autoritário ou mesmo, ficando dependente dos pais.

  • pais permissivos, quem manda é o filho. É o filho que se torna tirano, tudo é para ele, não respeita, ele escolhe o filme a assistir, o canal de televisão, o restaurante para comer, não sabe se frustrar, não vê o próximo, pois os pais permitem tudo. Não há limites.

  • pais assertivos são àqueles que se conectam com os filhos, se comunicam de forma adequada e acima de tudo respeitam o momento em que o filho vive. Aqui existe o equilíbrio, a paciência e a dosagem certa. Este é o tipo de pai ideal.

Faça uma reflexão e verifique em qual tipo de pai/mãe você se enquadra e se há necessidade de mudanças.

Como os pais podem agir ou falar com um adolescente em crise?

É fundamental que o pai e a mãe mudem seu olhar para o filho. Atitudes adequadas que vocês pais podem seguir:

1. SABER ESPERAR é ter em mente que a crise vai passar. Ela tem um começo e tem um fim. Salvo se tiver uma patologia grave.

2. SABER SEPARAR A PESSOA DOS SEUS ATOS não perca a confiança nele, acolha-o, dialogue, principalmente em momentos de crise.

3. SABER NEGOCIAR, DIALOGAR, nunca no momento de estresse. Pondere a melhor hora para que possa firmar compromissos com ele. É preciso proibir, dar limites, negociar com ele.

4. NUNCA COMPARAR com ninguém, nem com os irmãos que tenham comportamento adequado evitando julgamentos e humilhações.

5. CUIDADO COM AS PALAVRAS. Elas devem ser positivas, para se sentir amado, pois as palavras negativas podem marcar para sempre o filho como se fossem mensagens bruxas: vagabundo, preguiçoso, imbecil…

6. UM TERCEIRO NO ALVO como avó, tia, professor pode ser uma fonte de intervenção propícia ao seu filho. Um recurso saudável por ter admiração por ele.

7. SABER SE CONTROLAR: não desafie seu filho impondo-lhe autoridade. Não vale a pena! Só há desgaste!

8. PERDAS NECESSÁRIAS: fazer o luto do bebê dócil e lidar com o filho real e não como você idealizou. Ame seu filho como ele é.

Como os profissionais podem agir ou falar com um adolescente em crise?

 1. Nunca citar a palavra ajuda, vou ajudá-lo, sente-se humilhado.

2. Não o infantilizar, ele não admite ser criança…

3. Ouvir mais que falar.

4. Comunicar com clareza o que o adolescente sente ou está sentindo no momento.

5. Colocar-se no lugar do adolescente e procurar sentir o que ele sente.

6. Aceitar como o adolescente é, sem julgamentos, nem preconceitos.

7. Ter uma comunicação autêntica, clara, firme.

8. Fazer com que o adolescente perceba que você o leva a sério.

9. Estimular o adolescente a realizar perguntas sobre assuntos diversos para ter poder exteriorizar.

10. Consultar o adolescente, pedir opinião por exemplo se o profissional deve ou não conversar com seus pais.

11. Estabelecer data limite para o término das sessões.

12. Ter um diálogo afetivo para estabelecer a segurança e a transferência.

13. Agir sobre o supereu do adolescente:

O supereu julgador quando diz – como fui burro!

O supereu perfeccionista quando diz – nunca chegarei la…

O supereu sádico quando diz – sou um merda mesmo.

O adolescente é um doente do supereu

Importante o adolescente não se maltratar. O terapeuta deve se dirigir ao adolescente com um diálogo saudável, um modelo, um espelho para que o adolescente seja mais pacífico e amoroso com ele mesmo.

Para finalizar é importante que os pais tenham um novo olhar aos adolescentes e para tanto convido a todos os pais a se voltarem para a sua adolescência e refletirem como foi a sua atuação naquele momento.

Nesse novo olhar os pais devem perceber que seus filhos não são um sinal de encrenca à vista, nem, um filho problema, como muitos dizem.

Os pais que souberem relacionar com seu filho de um jeito novo, entendendo suas necessidades, com muita paciência procurando entendê-los, de fato, descobrirão que têm em seu lar um ser humano com muita energia, com grande capacidade de ser um adulto extraordinário.

Albert Einstein nos fala de:

Três regras básicas:

No caos está a simplicidade.

 No conflito está a harmonia.

No meio da dificuldade está a oportunidade.

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