O significado do autismo: voltar-se para si mesmo. Uma causa biológica.
Ao ouvirmos falar que uma pessoa é autista é mais comum associá-la a uma pessoa diferente, que vive à margem da sociedade. Que não se relaciona, tem uma vida limitada, que não faz sentido.
Não é bem assim. Estamos nos referindo a pessoas com grandes habilidades que chegam a nos surpreender.
O autismo é um transtorno global do desenvolvimento infantil que se manifesta antes dos 3 anos e se prolonga por toda vida.
As crianças autistas fazem pouco contato visual com os demais.
Sabemos que os traços do autismo são difíceis de diagnosticar e podem trazer prejuízos para a vida da pessoa caso não ocorra o mais precoce possível. Por isso é importante reconhecer para logo atuar.
Afeta várias áreas da socialização, comunicação e do comportamento, sendo a mais comprometida a da interação social, a da comunicação verbal e não verbal.
Autistas, apresentam inadequação comportamental como por exemplo interesses restritos, repetitivos, dificuldades em lidar com o inesperado. Não gostam de mudanças rotineiras.
As manifestações do autismo passam pela síndrome de Asperger até chegar ao autismo clássico ou grave.
Um desafio é posto aos pais para aceitar a diferença e aprender a conviver com o filho e procurar extrair a riqueza que há dentro dele.
Há crianças que se isolam de tudo. São impenetráveis. Essas crianças são fáceis de serem diagnosticadas, no entanto, um grande desafio para famílias e terapeutas.
Já àquela que apresenta dificuldade leve são mais difíceis de serem diagnosticadas, consideradas inicialmente, como estranhas, esquisitas, por não terem diagnóstico.
Há falhas na evolução da linguagem, um dos primeiros sinais de que o desenvolvimento da criança não está como o esperado.
Não ocorre olho no olho e quando focado não escuta o chamado.
As crianças autistas mais leves se isolam e adotam práticas solitárias utilizando o videogame, computadores, ou outras, por não terem aprendido a arte da interação, a sentem como ameaças.
Uma criança, que somente ficava olhando para a janela e picando papel, foi vista por uma enfermeira em sua casa e perguntou à mãe o que ele tinha.
Sua mãe relatou que era muito esperto, falante, que frequentava a escola e liderava as brincadeiras, mas, após os acidentes acontecidos com o pai ficou assim. Ela não entendia. A enfermeira encaminhou a criança para tratamento.
Após ser encaminhada a criança que não falava, por meio de desenhos e com a autuação da psicanalista foi relatando fatos. A terapeuta percebeu que se tratava de algumas lembranças encobridoras em que a criança fantasiou alguns fatos acontecidos. Num dos acidentes devido a avalanche o pai ficou perdido nas neves.
Foi encontrado e acolhido por um morador das montanhas, como não tinha meios para se locomover, devido ter quebrado a perna, nem como se comunicar, foi dado como morto. Após 7 meses, sofreu uma cirurgia na perna, pois os ossos calcificaram de forma errada. Ao obter alta do hospital, retorna à sua casa. Surpresa a todos, até missa e velas foram acesas pela sua alma. Apresentadas nos desenhos do garoto.
Ao voltar para casa a criança não reconheceu o pai dizendo, que ele não era o pai, pois não tinha aquele boné.
Ficou preso no trauma e somente após o tratamento e encaminhado a um professor, começou a aprender a ler e escrever.
Importante a todos que lidam com o autista, a necessidade de valorizar as suas potencialidades visando a autonomia e a autorrealização. Tudo que a criança puder realizar por conta própria será muito saudável. Nada de mimar a criança.
Importante, estimular a criança em ações que elas mais gostem de realizar e tenham grande interesse para que participem das atividades. Outro aspecto fundamental, proporcionar ao autista que relate suas vivências diárias, para estimulá-lo.
O autista olha e percebe o mundo de forma diferente da nossa. Eles são verdadeiros, amorosos, humanos e ingênuos.
Aqui cabe a história de um médico do exército, autista e da enfermeira que trabalhavam juntos.
Combinaram de se encontrar para um jantar. Quando a moça chegou, toda produzida, com cabelos soltos e sem o uniforme do exército ele não a reconheceu.
Após ela se identificar ele pode aceitar a relação.
Ela percebeu e entendeu o que se passava com ele.
Casaram-se e tiveram filhos.
Os autistas se casam tem filhos e são profissionalmente competentes.
A busca de um diagnóstico correto faz muita diferença.
Algumas situações que podem nos alertar entendendo algumas disfunções:
- Social
- Dificuldade na interação
- Não contato visual
- Dificuldade em compartilhar com os demais
- Não antecipam a leitura não verbal, por exemplo um bebê não levanta o braço quando os pais vão pegá-lo.
- Divertem mais com objetos, animais do que com pessoas.
- Riem e dão gargalhadas inadequadas.
- Comunicação
- Dificuldade no desenvolvimento da linguagem.
- Repetem frases decoradas
- Não gostam de brincar de faz de conta
- Inverte pronomes. É do João…
- Não percebe segundas intenções
- Não entende ironias, nem anedotas
- Não são hábeis em mentiras
- Aprendem cedo a ler e escrever sozinhos
- Comportamental
- Tem interesses restritos, somente no que gostam como carros, trens, dinossauros, carros… e se aprofundam no assunto.
- Apego à rotina
- Movimentos repetitivos, balançam, agitam as mãos, dão pulinhos.
- Valoriza mais os detalhes, a parte pelo todo.
- Incomodam com o toque.
- Movimentam o tempo todo
- Andar nas pontas dos pés.
- Medo de mudanças
- Autoagridem se mordem, bater a cabeça,…
- Giram o tempo todo até atordoar.
- Gosta da água, fascínio
- Detestam barulho, gritos, fogos
- Aversão ao excesso de luz
- Curto tempo de atenção
- Instabilidade de humor e afeto.
- Insônia, sono agitado
- Bons em cálculos matemáticos, desenhos, memória…
- Adoram música
- Dificuldades em se limpar, banhar-se…
- Dificuldade de entender sentimentos sofrer, tristeza.
- Dificuldade na coordenação motora fina. Pintar dentro dos espaços, escrever
- Marcha desajeitada.
- Toleram dor, fome, sem reclamar
- Hábito de empilhar coisas, por horas, caixas, madeiras, carrinhos, pinos……
A família ao receber o diagnóstico fica impactada. A mãe se culpa.
Os pais precisam estar no controle da situação, não podem ceder ao filho.
Devem valorizar mais as conquistas e não o fracasso.
Transformações na família precisam acontecer. Pais lembrem-se dos irmãos, eles também precisam da atenção para não se sentirem abandonados.
Quem puder ver o filme ou, ler o livro: Extraordinário, indico para reflexões.
A família precisa de um ambiente estruturado com rotinas e regras.
Pais com filhos autistas devem se informar sobre o assunto. Conversar com outros pais.
Devem dar autonomia ao filho na hora de comer, dos hábitos de higiene, ao se vestir, incluindo pequenas tarefas que deverão cumprir.
Auxiliar nas aprendizagens proporcionando atividades extras, leituras para aprofundamento, filmes, passeios em bibliotecas, museus, circo…
O desenvolvimento de habilidades e contato social é essencial.
Buscar ajuda especializada para se sentir seguro e ter conhecimento é necessário.
Momentos escolares
É de apreensão. Aprender conviver em grupo, socializar-se, trabalhar em equipe, ajustar-se às regras.
Um desafio para os mestres também. Precisam se comunicar com clareza e de forma muito simples. Incluir a criança nas brincadeiras, nos jogos poderá contribuir muito.
A comunicação do autista por meio da birra é disfuncional, inadequada, por fazer o papel da linguagem. Pais, cuidado para não ceder.
Muitas crianças autistas, podem ser vítimas de bullying por não conseguirem se defender e nem relatarem os acontecimentos de forma adequada. Sofrem caladas. É preciso observar o comportamento, sinais de agressão, roupas rasgadas, materiais destruídos.
Outro aspecto importante tomar cuidado com abusos sexuais devido a ingenuidade que apresentam. É comum serem vítimas de pedofilia.
SEXUALIDADE É DIFERENTE DE SEXO
Sexualidade e sexo são temas importantes, mas continuam sendo um tabu para as pessoas que se sentem despreparadas para enfrentar a realidade desse assunto e que deveria merecer muita atenção.
Nem todos os pais procuram aprender para orientar seus filhos e os deixam à deriva.
Esse assunto deve ser tratado com naturalidade e muita seriedade.
Sexualidade não é somente o prazer do funcionamento genital, mas toda série de excitações e de atividades de prazer, presentes na infância.
Nossos instintos querem ser satisfeitos fome, sede, ciúmes incluindo o instinto sexual por ser o mais violento e merece cuidados que estão relacionados com o olhar, a simpatia, o desejo de sedução.
Sexual diferente do Genital
O instinto sexual nasce e morre com o homem e deveria ser a principal preocupação dos pais e dos educadores.
O não preparo dos casais para serem pais, os filhos nascem por acidentes, pode ser prejudicial.
A sexualidade é uma força do instinto sexual que desperta independentemente da nossa vontade, muitas vezes agredindo e levando a caminhos difíceis. Freud chamou de Libido essa força pela qual se manifesta o instinto sexual.
Libido abrange a teoria da afetividade relacionada com tudo que conceitualiza o amor: amor a si próprio, amor ao outro, amor filial, amor maternal, amor paternal, amor à humanidade…
Assim que o bebê nasce já apresenta uma vida sexual: uma força.
Existem as fases libidinais:
- Fase oral até dois anos aproximadamente, é o prazer da nutrição pelo leite. Já alimentada, a criança faz do seio uma chupeta importante para o desenvolvimento da personalidade. O Uso da chupeta, dos dedos ou da mão toda.
- Fase anal 2 anos a 4, a criança sente prazer ao urinar e defecar. Os pais devem ter cuidado nesta fase com a censura, com as brincadeiras, usando frases inadequadas, muitas vezes.
- Fase fálica 4 aos 6 anos quando a criança percebe a diferenciação do sexo. A menina não tem o pênis, acha que é defeituosa, e o menino fica com medo de perdê-lo. A criança explora o corpo e encontra os órgãos genitais. Importante aqui também, nessa fase o policiar com as falas e com as atitudes.
Por exemplo: tire a mão daí senão corto seu pipi. Ou, devido algumas brincadeiras de mau gosto, podem amedrontar a criança. Podem levar a traumas fatores que determinam distúrbios importantes.
Latência dos 7 aos 10 anos. Aqui ocorre uma parada com as questões da sexualidade.
- Fase genital aqui a sexualidade passa a se relacionar com o sexo. Se institui, de fato na puberdade, hoje de 10 a 11 anos.
Pais, educadores, as crianças fazem muitas perguntas. Não as deixem sem respostas. Podem ser claras e objetivas. Responda apenas o que a criança perguntou e seja verdadeira. Nada de cegonha, de repolho…
Ocorre também a masturbação inconsciente na infância devemos lidar com naturalidade, nunca bater, ameaçar. Simplesmente, você pode propor uma nova atividade a ela, solicitar que façam algo, dar um passeio…
Com as crianças autistas fazer a mesma coisa e dialogar com ela explicando que tem lugar apropriado para se fazer isso. Que não deve ser feito na presença de outra pessoa. Não coloque medo. Pode trazer consequências futuras.
Nessas fases podem ocorrer de forma inconsciente uma fixação e acarretar problemas futuros como:
Fase oral – fumar, beber, se drogar
Fase anal – não lidar bem com a higiene, com a limpeza, com o dinheiro.
Fase fálica – problemas sexuais como frigidez, impotência, ejaculação precoce, e formação da identidade.
Cuidados que pais e educadores devem ter:
Abusos sexuais – vítimas dos próprios pais, irmãos primos, vizinhos, com as mídias sociais muito comum hoje os pedófilos abordarem via internet.
Os pais são os primeiros pedagogos dos filhos. É preciso antes de tudo educar. É preciso instruir um dos maiores valores para a formação da personalidade.
Aqui cabe uma ressalva com as religiões. Cuidado, com o que dizem ser pecado. Se fosse não estaria na Bíblia as questões de procriação.
Educação sexual não é apenas o estudo dos órgãos genitais e suas funções. É muito maior, atingindo as normas de conduta social, dos indivíduos de um sexo e outro.
Alguns filmes: para refletir: sobre o autismo.
- Extraordinário
- Toc toc
- O vendedor de sonhos
- Inteligência artificial
- A is for Autism (11 min)
- Adam
- Código para o Inferno
- Experimentando a vida
- Forrest Gump, o Contador de histórias.
- Gibert Grape: aprendiz de sonhador
- Loucos de amor
- Max e Mary
- Mentes que brilham
- Meu filho, meu mundo
- Muito além do jardim
- O balão preto
- O garoto selvagem
- O nome dela é Sabine
- Rai Man
- Temple Grandin
- Testemunha do silêncio
- Uma família especial
- Um amigo inesperado
- Como estrela na terra: toda criança é especial
Referências Bibliográficas:
Affonso. P. Sexo e Psicanálise. Ed. Evolução Limitada, 1969
Barbosa Silva. A. B et all. Mundo Singular: entenda o autismo. Rio de Janeiro: Fontanar, 2012
Freud S. Obras. São Paulo: Imago.